domingo, 26 de fevereiro de 2012

Reportagem especial | Uma Superliga de oportunidade

* O Esporte Alto Vale agradece a gentileza do Jornal Folha do Alto Vale, através do editor chefe Orlando Pereira, e do repórter Clóvis Cuco por terem liberado a publicação da reportagem abaixo. A matéria foi veiculada no jornal na última sexta-feira (24.02).

Texto e fotos de Clóvis Eduardo Cuco

Atletas jovens ou experientes tem a chance de mostrar que em Rio do Sul, o vôlei significa muito mais do que o ginásio cheio uma vez por semana.

O grito que vem da arquibancada vem mais alto da quadra. É só conferir um jogo da equipe de voleibol em Rio do Sul na Superliga Feminina. Não há dúvidas que no primeiro ano na elite do vôlei nacional, o time Rio do Sul/Unimed/Delsoft conquistou mais do que pontos importantes na classificação. Uniu um grupo de 17 atletas estreantes ou experientes capaz de dar grandes exemplos para a cidade que as acolheu desde o início do campeonato.

De manhã, um grupo faz academia e o outro tem trabalho específico. À tarde, não há como fugir de dezenas, talvez centenas de cortadas, bloqueios, manchetes ou levantamentos por cerca de duas horas. Mesmo no início do anoitecer de verão, o clima é quente, desconfortável e tem as boladas de todo o lado. Ninguém mostra estar preocupado com isso, mas que é cansativo, não dá de negar. O técnico é Rogério Portela, 10 Superligas nas costas. Paciente, explica a jogada que quer, pergunta se alguém não entendeu. A paciência está a seu favor, pois ele cobra e cobra muito. Em jogo, enquanto um ponto suado vira uma comemoração vibrante pela equipe, Portela está lá, ao lado da quadra, sério, concentrado e pronto para lembrar que é preciso mais.

Em 10 anos de Superliga, Portela nunca viu uma parceria tão forte entre time e torcida
O treinador sabe que a rotina de dois jogos por semana, treinos, viagens, e o desejo de crescer cada vez mais na competição gera um bônus, uma satisfação de ver que é possível ser competitivo. Mas ao mesmo tempo, o ônus é a dor, o receio de colocar em quadra uma jogadora que não está 100%, mas tem vontade de dar tudo de si para o time de Rio do Sul. “A estrutura é boa, apresentamos um bom crescimento na competição, temos o apoio da torcida e elas têm força de vontade. Eu estou superfeliz com todo este projeto que vem sendo realizado”.

E as surpresas apareceram na mesma rapidez com que o time foi montado. Mayhara Francini da Silva, por exemplo, meio de rede, está na terceira Superliga, mas a primeira como jogadora atuante, sem estar no banco ou apenas na arquibancada. Mayhara dá canseira, não só nos narradores esportivos que tem de impostar a voz no “h” do nome, mas pelo número de vezes que cravou bolas na quadra adversária neste campeonato. Foram 193 até a sexta rodada do returno, conferindo-lhe a 15ª melhor marca da Superliga, na frente de grandes estrelas do esporte como as experientes Paula Pequeno (Vôlei Futuro), Mari (Unilever), Thaísa (Sollys) e Elisângela (SESI). E isso que ela perdeu dois jogos por contusão. Uma lesão que confessa ainda sente de leve, mas a permite estar em quadra pronta para o que o treinador Rogério Portela precisar.

A dona da bola: Mayhara já pontuou mais do que muita estrela da seleção
Estudou educação física por um ano, mas parou. O foco no vôlei é 100% em sua vida, mas quer voltar para a faculdade. Nasceu em Bauru (SP), tem 22 anos e aos 17 saiu de casa em busca do sonho de ser jogadora de vôlei. Fã do técnico Bernardinho, busca inspiração nas colegas de posição Valeskinha (Unilever) e de Waleska (Vôlei Futuro) para tentar chegar a um sonho concorrido, mas possível: ser uma atleta de ponta e estar na seleção brasileira. Capacidade é possível que tenha, já que Mayhara em sua primeira Superliga na quadra, já tem mais pontos do que as duas atletas em que se espelha.